A escolha de manter ou não a magia e fantasia do bom velhinho que traz presentes é da família. A dúvida é: O que pode acontecer à minha criança se eu deixá-la acreditar em Papai Noel?
Convidamos a nossa psicóloga colaboradora Renata Garutti Rossafa para nos ajudar a refletir sobre a figura do Papai Noel e o imaginário Infantil, veja abaixo.
Psicóloga Renata Garutti Rossafa: "A questão de como abordar a crença no papai Noel com as crianças tem crescido nas últimas décadas, principalmente aliada às possíveis consequências no processo de desenvolvimento das mesmas. Costuma-se observar que as crianças vão percebendo por conta própria que o papai Noel é uma fantasia a partir do momento que entram na segunda infância, período que vai, aproximadamente, dos 6 aos 11 anos.
A própria maneira como a narrativa do universo encantado do bom velhinho, sua fábrica de brinquedos, seus ajudantes mágicos é apresentada começa a ser questionada pelas crianças, que já vão dispondo de compreensão suficiente para questionar: Porque em cada esquina, praticamente, há alguém vestido de papai Noel? Entre outras indagações.
Sem contar que, nas festas de Natal em família, quando um adulto resolve se vestir de Papai Noel, não tarda muito para as crianças começarem a fazer associações: mas, esse aí é o titio! Ou então, o vovô!
Recomenda-se uma intervenção mais direta apenas quando a criança está passando da segunda infância e não demonstra, por conta própria, se contrapor à fantasia do bom velhinho. Nesses casos é indicado trazer os questionamentos para auxiliar na construção de pensamento da criança: você já reparou que apenas animais que tem asas podem voar? Você já reparou que, nessa época, em quase todos os lugares há alguém vestido de papai Noel?
Afinal, a história do papai Noel é uma grande brincadeira entre crianças e adultos. Quando encarada dessa maneira, como uma grande e saudável brincadeira, podemos dizer que não será maléfico, uma brincadeira que, assim como tantas outras para as crianças, será substituída com o tempo".
Psicóloga Renata Garutti Rossafa: "Esse tipo de abordagem, apesar de conseguir os resultados desejados imediatos, tende a não se manter a longo prazo. A criança pode passar a se motivar a fazer as atividades ou a ter um bom comportamento pela recompensa direta. Corre-se o risco, nesse sistema, da criança estabelecer a recompensa como uma condição para ela fazer qualquer coisa, pela via da barganha e não da conscientização".
Psicóloga Renata Garutti Rossafa: "Muitos processos de assimilação da realidade são experimentados com uma boa cota de frustração. Todos nós passamos por esses momentos em nosso processo de desenvolvimento. É próprio da infância o pensamento mágico, o pensamento lúdico é ele muito importante para que as crianças possam construir recursos para lidar com a realidade. Acreditar na bondade, na amizade, na solidariedade, ou seja, os valores mais nobres que a humanidade deu conta de criar é um valioso substrato para a constituição de adultos saudáveis.
Mas, é claro, que vamos gradativamente nos dando conta de que a vida é muito mais desafiadora do que imaginávamos e isso é sim, frustrante. Não precisa ser um sofrimento intenso, mas tudo vai depender de como nós adultos estamos auxiliando as crianças à construir sentido do mundo.
Talvez o maior problema envolvendo essa temática da fantasia do papai Noel é: O que mais estamos apresentado como sendo o Natal? Natal é apenas ganhar presentes? Essa é a principal recompensa para quando somos "boas crianças"? Vale a pena, nesse sentido, pensar nos valores que estamos alimentando nessa data tão simbólica e importante do calendário ocidental.
O que ajuda as crianças a obterem recursos para lidar com as frustrações são os valores humanos que ela vai identificando em si mesma e nos outros. Ela vai percebendo que o Natal não se resume à figura do papai Noel ou a ganhar presentes, ela vai conseguindo fazer a transição para identificar que há um motivo maior e que a brincadeira do Natal é apenas uma parte".
Podemos tirar esse peso do mito do Papai Noel dos pensamentos e deixá-lo como uma parte e não como um todo. Confira nossos outros artigos sobre o Natal para as Crianças e tente trazer e resgatar valores para essa época do ano tão especial. Veja aqui: Livros de Natal e Coroa do Advento de Natal, Advento de Natal.
Boa Missão Materna de Natal para você!
Abraços,
Helen Finger Bregunci
Renata Garutti Rossafa é mãe, psicóloga, professora e pesquisadora do psiquismo humano. Graduada em Psicologia e Comunicação Social pela Universidade Federal de Mato Grosso e Formação Técnica em Teatro. Mestre em Psicologia com Enfoque na vida Emocional da Mulher na Atualidade. É uma das colaboradoras do Missão Materna na busca por aprender e contribuir na construção de formas viáveis de conciliar as demandas afetivas e profissionais das famílias.
Olá, meu nome é Hélen, sou casada e mãe de duas meninas com 5 anos de diferença. Compartilho aqui minhas experiências e estudos referentes a maternidade sempre usando de empatia e acolhimento. Vem comigo nessa jornada! Leia mais